"Ernest adorava ser psicoterapeuta. Dia após dia, os pacientes o convidavam a entrar nos recantos mais íntimos de suas vidas. Dia após dia, ele os confortava, cuidava deles, aliviava seu desespero. E, em troca, eles o admiravam e o tratavam com carinho. Também pagavam bem, embora Ernest muitas vezes pensava, se não precisasse do dinheiro, ele faria psicoterapia de graça.
Feliz é aquele que ama seu trabalho. Ernest sentia-se um felizardo, claro. Mais que felizardo. Abençoado. Era um homem que tinha encontrado sua vocação, um homeme que poderia dizer: estou exatamente no lugar ao qual pertenço, no turbilhão dos meus talentos, meus interesses, minhas paixões."
O texto acima, retirado de Mentiras no Divã de Irvin D. Yalom, ilustra de uma boa maneira o que entendemos como a melhor visão sobre estar no lugar certo em termos profissionais.
Se Você estiver profissionalmente no lugar certo, tudo o mais lhe será acrescentado. Sem esforços. O que isto quer dizer? Ao pensar em seu futuro, se Você é jovem e busca esta definição (e se não é, mas quer se re-encontrar), pense o que poderia lhe dar alegria e felicidade de fazer dia após dia. Consegue pensar? Pois esta deveria ser sua escolha profissional, sua vocação deve estar aí.
Claro que muitos podem contestar isto, afinal não conseguem ver a possibilidade de alguém gostar de estar num trabalho, dia após dia, fazendo a mesma atividade. Dizia um colega em uma empresa em que estive há bastante tempo que se pudesse escolher, passaria o dia velejando. Na ocasião apenas estranhei a afirmação pois sua postura era de quem gostava do que ali fazia.
Disse-me, entretanto, que não. Já que estou aqui, faço tudo o melhor possível, mas se pudesse escolher, não estaria. E eu lhe disse: pois trate de ir fazer o que Você gosta, mesmo que como lazer. Mas havia a necessidade de ganhar dinheiro e isto só um trabalho lhe daria.
Hoje todos conhecemos pessoas que, não tendo as crenças que este ex-colega tinha, passaram (e ainda passam) a vida velejando, surfando, fazendo arte, exercendo a psicoterapia. Também administrando, marketeando, fazendo o que lhes dá prazer, no lugar dos seus turbilhões de talentos, seus interesses e suas paixões.
Então tenha isto em mente ao pensar-se no futuro, num trabalho, numa atividade. Isto, melhor dizer numa atividade. Trabalho é, inclusive, uma palavra de origem muito pesada, vem de um equipamento de tortura. Dá para entender por que o trabalho é para maioria uma carga? Está ligado à obrigação, à necessidade, à uma forma de tortura. (veja Tripalium na Wikipédia).
Então, tenha isto em mente ao pensar-se numa atividade no futuro, sem ranços, sem cargas. Pense naquilo que lhe daria prazer para fazer continuamente, mesmo que não diariamente. Isto é, muito provavelmente, sua melhor escolha. "Ah, mas isto não dá dinheiro..." Ouvi muito isto ao dizer de minhas vontades quando jovem e acabei seguindo uma atividade para ganhar dinheiro. Resultado? Nunca gostei do trabalho (sim, se tornou um trabalho, uma tortura) e não decolei na profissão. Nem queria mesmo, pensando bem, afinal se eu ganhasse dinheiro ali, teria ficado a vida toda naquela atividade ruim para mim, não teria tido motivos para mudar.
Mais um exemplo: Se Você não leu o livro Ser como o rio que flui, do Paulo Coelho, saiba que ele inicia assim o Prefácio:
"Quando eu tinha 15 anos, disse para minha mãe:
- Descobri minha vocação. Quero ser escritor."
Quem conhece sua carreira de atividades na vida, sabe que demorou a se realizar como tal, mas parece (sic) que o resultado foi bom. E dinheiro? Creio que nem precisamos perguntar sobre isto.
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